O apelo à “reparação” é parte integrante da mensagem de Fátima: reparar com a oração e sacrifícios o pecado que faz “sofrer” Nosso Senhor, e corrompe as relações entre as pessoas. Disse Nossa Senhora aos Pastorinhos: «Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?»

«Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei, muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: “Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”».

Ó Santíssima Virgem Maria, Mãe amorosa dos pobres pecadores! Aparecendo na Cova da Iria, deixastes transparecer uma leve sombra de tristeza, pela dor que Vos causam os meus pecados, e, com maternal compaixão, me exortastes a repará-los com a mortificação e a penitência. Alcançai-me, pois, a graça de uma sincera dor pelos pecados cometidos e a resolução firme de reparar com obras de penitência e mortificação todas as ofensas que fazem sofrer o vosso Divino Filho e o vosso Coração Imaculado. Amem.

O dia 13 de Maio de 1917 era Domingo. Os pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, tinham levado as ovelhas a pastar para um lugar a dois quilómetros de Aljustrel, chamado Cova da Iria. O céu estava azul claro, mas, a um dado instante, pareceu-lhes ver um relâmpago. Receando uma tempestade, juntaram o gado para o conduzir para casa. De repente viram outro clarão… e ali, a poucos passos deles, sobre uma pequena azinheira, apareceu a figura de «uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente».

Ó Santíssima Virgem Maria, Mãe da Divina Graça! Vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, resplandecente de luz… Assim aparecestes aos pastorinhos, simples e inocentes, ensinando-me, quer pela candura das vossas vestes, quer pela escolha daquelas puras e humildes crianças, o quanto devo amar e procurar a inocência da alma e a pureza do coração; por meio dos pastorinhos, me pedis a rejeição dos hábitos mundanos e a santidade de vida; concedei-me misericordiosamente a graça de saber apreciar a dignidade da filiação divina, procurando levar uma vida que não macule a veste branca, símbolo da vida nova que me foi dada no batismo. Amem.

As aparições de Nossa Senhora foram preparadas pelas aparições do Anjo. A primeira deu-se na primavera de 1916, no lugar chamado Cabeço. Lúcia, Francisco e Jacinta viram «uma luz mais branca que a neve, com a forma de um jovem transparente, mais brilhante que um cristal, atravessado pelos raios do sol». O Anjo convidou as crianças a orar com ele. Ajoelha-se e prostra-se e ensinou-lhes uma primeira oração:

- «Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam».

Na segunda aparição, no poço da casa da Lúcia, o poço do Arneiro, insistiu: «Rezai, rezai, rezai!». Os pastorinhos são assim preparados para aquela especial escola de oração que são as aparições de Nossa Senhora; em cada uma das seis aparições de Fátima, recomendou: «Rezem o terço todos os dias».

Ó Santíssima Virgem Maria, vaso insigne de devoção! Aparecestes em Fátima tendo pendente nas mãos o Santo Rosário, e recomendastes a oração insistente tendo em vista pôr fim aos males que ameaçam a humanidade. Concedei-me o dom da piedade por uma intensa vida de oração e contemplação, e, como pedistes, a fidelidade à recitação diária do Terço, instrumento capaz de me colocar em sintonia com a vontade de Deus, ajuda para vencer as tentações e meio eficaz para chegar ao conhecimento de Jesus, vosso Filho, e a uma vida de comunhão com Ele, já nesta vida e por toda a eternidade. Amem.

O amor à Igreja, nossa mãe, é um dos elementos mais presentes na mensagem de Fátima, que se deve concretizar na prática sacramental e no amor ao Santo Padre, que as visitas de São Paulo VI, de São João Paulo II e dos Papas Bento XVI e Francisco impulsionaram muitíssimo. Trata-se de uma profunda comunhão de coração e de ação, comunhão afetiva e efetiva. À Lúcia foi dado contemplar os futuros sofrimentos do Papa; Jacinta vê-o numa visão apocalíptica, perseguido e injuriado. Os pastorinhos convertem a oração reparadora ao Coração de Maria em oração pelo Santo Padre.

Ó Santíssima Virgem Maria, rainha da Igreja! Exortastes os pastorinhos de Fátima a rezar pelo Papa e infundistes neles uma grande e sincera veneração e amor ao Santo Padre, Vigário de vosso Filho, o “doce Cristo na terra”; incute também em mim os mesmos sentimentos de grande devoção e obediência ao Romano Pontífice, de adesão firme aos seus ensinamentos, e também um grande amor e respeito por todos os ministros da Santa Igreja, por meio dos quais temos acesso aos meios da vida da graça, nomeadamente os sacramentos. Amem.

Fátima e Lourdes ocupam uma posição ímpar nas aparições dos últimos dois séculos. Ambas têm uma profunda ligação, sobretudo por nos fazerem pressentir o prometido triunfo do Imaculado Coração de Maria. Em Fátima, a Virgem adverte o mundo das consequências da alarmante decadência moral e é um lugar de grandes conversões; em Lourdes, as graças alcançadas por Nossa Senhora têm expressão em inúmeras curas de doentes. A Lúcia, nas aparições de Fátima, era a porta-voz de muitas intenções apresentadas por doentes. Se é verdade que continuam a haver mais curas de índole espiritual, que curas físicas, também é verdade que muitos doentes que vão ao santuário na esperança de uma cura física, experimentam lá, como uma graça que só pode vir do Céu, a consolação da Mãe do Céu e uma predisposição para o oferecimento do sofrimento como meio para a reparação.

Ó Santíssima Virgem Maria, saúde dos enfermos e amparo dos aflitos! Atendendo às súplicas dos pastorinhos, alcançastes dos Céus, ainda durante as Aparições em Fátima, curas e muitas outros milagres, convertendo aquele lugar, santificado pela vossa presença, em espaço sagrado onde manifestastes a vossa maternal misericórdia em benefício de todos os aflitos; ao vosso coração de Mãe recorro cheio de filial confiança; coloco em vossas mãos as enfermidades da minha alma e as aflições de tantos doentes que se confiam à minha oração. Olhai-os com compaixão e consolai-os terna Mãe. Possamos, curados de tantos males, servir-Vos e amar-Vos com todo o coração. Amem.

Na terceira aparição, a de Junho, Nossa Senhora de novo disse aos pastorinhos que se sacrificassem pelos pecadores. Depois, Lúcia, Francisco e Jacinta, contemplaram a horrível visão do inferno. «Assustados, e como que a pedir socorro, levantámos – diz a Lúcia – a vista para Nossa Senhora que nos disse , com bondade e tristeza»: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração”».

A mensagem de Fátima não é, como alguns dizem, algo de tenebroso, com a visão do inferno, ameaças de castigos, apelos ao sacrifício… Não, ela é uma mensagem de Luz. Jesus, no testamento da Cruz, confiou-nos a Sua Mãe, como filhos, a nós, miseráveis pecadores. E a Mãe quer evitar a nossa ida para o inferno, alcançando-nos os meios que nos permitam alcançar o Céu, o reino da Luz e da Paz!

Ó Santíssima Virgem Maria, refúgio dos pecadores! Recomendastes aos Pastorinhos de Fátima que rogassem incessantemente ao Senhor pelos desgraçados pecadores, para que se convertam e não caiam nas penas eternas do inferno. Infundi, em minha alma, um grande horror ao pecado e um santo temor pela justiça divina; ao mesmo tempo, despertai neste vosso filho que espera do vosso auxílio a graça de passar das trevas para a Luz, do pecado para uma vida em graça, a compaixão pelos pobres pecadores e um santo zelo pela sua conversão: a exemplo dos pastorinhos, por eles reze e me sacrifique. Amem.

Em Maio de 1917, logo na primeira aparição da Bem-Aventurada Virgem Maria em Fátima, Lúcia perguntou-Lhe sobre duas jovens que haviam morrido recentemente e que tinham ficado em sua casa numa ocasião em estiveram a aprender a tricotar com uma das suas irmãs mais velhas. A resposta da Santíssima Virgem não se fez esperar: A Maria das Neves já está no Céu; a Amélia ficará no purgatório até ao fim do mundo. Com esta revelação, a Mãe de Deus quis ensinar-nos a rezar habitualmente pelas almas do purgatório que, como ensina a Doutrina Católica, dependem em tudo, além da misericórdia de Deus, das nossas orações, sacrifícios, esmolas e das missas que oferecemos em seu sufrágio.

Na aparição de Junho, nos ensinamentos de Nossa Senhora a seguir à visão do inferno, Nossa Senhora disse: «Quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem”».

Ó Santíssima Virgem Maria, rainha do Purgatório! Ensinastes aos Pastorinhos de Fátima a rogar a Deus pelas benditas almas do purgatório; a todas cobris com a imensa ternura do vosso amor maternal. Vos peço, ó Virgem Santa Maria, que entregueis à infinita misericórdia de Deus todas as almas que padecem naquele lugar de purificação, em particular as dos meus familiares, bem como as mais abandonadas e necessitadas; aliviai as suas penas e levai-as purificadas à região da luz e da paz, para ali, no Céu, cantarem eternamente a vossa misericordiosa intercessão. Amem.

Em Fátima, qualquer que seja o local onde estivermos, a Santíssima Virgem torna-Se presente como a grande Mestra da oração. O Anjo de Portugal, nas três aparições que precederam as de Nossa Senhora, na primavera, verão e outono de 1916, exortou os pastorinhos à oração, ensinou-lhes orações e, também, as posições corporais que favorecem a oração. Nossa Senhora insistiu na importância da oração. Não admira que Fátima seja aquilo que é… o altar do mundo, um Céu na terra, pelo fervor, pelo espírito orante que lá se respira e se transmite a quem lá peregrina.

O Santo Rosário, é como que o “ex libris” de Fátima… peregrinação que não inclua o Terço rezado na Capelinha, é uma peregrinação mal aproveitada. Quem não guarda, como preciosa relíquia, um terço que se trouxe de uma peregrinação a Fátima? Muitos de nós aprendemos lá, com Nossa Senhora e os pastorinhos, a não rezar o Terço de forma mecânica e apressada, mas a fazer dele uma oração cristológica, meditando os mistérios da vida de Jesus. É assim que Nossa Senhora gosta!!!

Ó Santíssima Virgem Maria, que na vossa última Aparição Vos destes a conhecer como a Rainha do Santíssimo Rosário, e em todas as aparições recomendastes a recitação do rosário como o remédio mais seguro e eficaz para por termo aos males que nos afligem, tanto da alma quanto do corpo, tanto pessoais, familiares ou sociais; Ó Mãe bendita, dai-me um coração grato pelos mistério da vida de Jesus, sobretudo a Sua Paixão, Morte e Ressurreição que me é dado meditar em cada uma das dezenas do santo Rosário: por eles fui remido de meus pecados e o Céu se tornou uma possibilidade para mim. Concedei-nos a graça de ser sempre fiel à sua recitação diária, se possível, em família, satisfazendo o vosso insistente pedido, honrando-Vos e acompanhando-Vos nas vossas alegrias, dores e glórias; e assim alcance a vossa maternal proteção e ajuda em todos os momentos da vida, agora e na hora da minha morte. Amem.

Já nas Doroteias, Lúcia teve duas aparições de Nossa Senhora: em 10 de Dezembro de 1925, em Pontevedra; em 13 de Junho de 1929, em Tuy. Eis como Lúcia narra os factos de Pontevedra, falando na terceira pessoa:

«Em 10 de dezembro de 1925, a Santíssima Virgem apareceu, tendo junto a Ela, levado por uma nuvem luminosa, o Menino Jesus. A Santíssima Virgem pôs a mão no Seu ombro e mostrou, ao mesmo tempo, um Coração rodeado de espinhos que Ela segurava na outra mão. Nesse mesmo momento, o Menino disse: 'Tem compaixão do Coração da tua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”. Então a Santíssima Virgem disse: “Olha, minha filha, o Meu Coração, rodeado de espinhos que homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfémias e ingratidões. Tu ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que, durante cinco meses, ao primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando os 15 mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar, eu prometo assistir-lhes na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas"».

Esta revelação costuma designar-se por “grande promessa”. A intenção desta devoção não é só satisfazer cinco vezes seguidas as condições exigidas, mas levar à prática continuada da reparação ao Coração de Maria tendo em vista o seu “triunfo”. Fátima é hoje o que é, por ter revelado ao mundo o Coração da Virgem e por colocar no nosso horizonte o triunfo do Imaculado Coração de Maria.

Ó Santíssima Virgem Maria, Mãe dulcíssima! Escolhestes os pastorinhos de Fátima para propor ao mundo uma oração de intercessão pelo vosso Imaculado Coração, como o meio para alcançar de Deus a paz, como o caminho para levar as almas até Ele, e receberem a prenda suprema de salvação, pois “por fim o Meu Imaculado Coração triunfará”! Ó Coração da mais terna das mães, fazei-me compreender a vossa mensagem de amor e misericórdia, para a ela aderir com filial devoção, e a pôr em prática com fervor, gratidão e cheio de alegria. Seja o vosso Coração o meu refúgio, a minha esperança e caminho que sigo para uma comunhão de vida com o vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Amem.